Claumar é filho de Marilza, que é filha de Dona Maria, que é filha da batalha e da alegria.
Essa linda família não se desgruda, seja nos becos, no Mercado Velho ou em qualquer pedaço de chão de Diamantina.
Os três passaram pela tenda do projeto Moradores – A Humanidade do Patrimônio Histórico numa manhã de sábado ensolarado. Um dia quente e gostoso, como bem combina com aquele pedaço de Vale do Jequitinhonha.
Logo ficou claro o apego de Claumar por Marilza. O que se confirmou ainda mais logo à frente, quando ele viu que sua mãe era uma das moradoras escolhidas para compor a exposição nas sacadas dos sobrados da Rua da Quitanda. Ao ver aquilo, Claumar não se conteve com um sorriso largo no rosto: “olha lá, a mamãe linda!”.
Já a voz baixa, de canto de ouvido, era a marca registrada de Dona Maria, vendedora de pirulitos, quitandeira e ex-atriz de circo. Foi assim, aos sussurros que contou uma tradição de sua família que ela levou à frente: as mulheres que ficassem viúvas nunca casariam de novo. “Homem atrapalha a criar os filhos da gente”, dizia ela.
Marilza também ficou viúva e nunca mais se casou. O amor de Claumar já lhe basta.
Foi assim que o misto de sorrisos, amor, apego e beleza desta família de mulheres viúvas entrou para o baú de recordações inesquecíveis do Varal de Histórias do projeto Moradores.
TEXTO: Gustavo Nolasco
FOTOS: Marcus Desimoni e Gustavo Baxter